Quinta-feira, Abril 25

O regresso do mítico Rali da Guarda – O tabu da primeira edição

Para uns imperdível, para outros, sempre irrepetível, o mítico Rali da Guarda voltou à cidade mais alta de Portugal, desta feita para a 1ª edição do Rali Banco BIC Guarda. O sucesso foi tal que ficou desde logo designada como a “primeira edição”, porque muitas outras que se lhe seguirão. Mas há mais novidades…

A esforçada equipa do Escape Livre (a quem, como sempre, coube a organização do “melhor rali do mundo”) voltou a estar à altura do nível competitivo que as mais de cinco dezenas de equipas participantes exigiram. Quando se reúnem campeões da estirpe de Fernando Baptista, Araújo Pereira, João Baptista ou Sérgio Paiva, facilmente se percebe como Francisco Carvalho tece de suar as estopinhas para levar de vencida tão renhida competição.

Mas não se pense que a luta pela vitória no rali se remeteu à “pista” do Mercado Municipal da Guarda, onde decorreu a prova de maneabilidade que ditou o vencedor.

“Fora de pista”, concorrentes e acompanhantes mostraram todos os seus dotes nas artes do convívio, boa disposição e… malandrices (com destaque para as protagonizadas pelas “PDC’s” – esta sigla, parece que significa PURAS DAS CRIANCINHAS -, uma formação constituída pelos filhos dos participantes). Desta nova geração de “agitadores” (que deram sinais de grande irreverência e criatividade) espera-se que provoquem muitas dores de cabeça à organização, em edições futuras, apesar de todas as tentativas por parte dos seus progenitores em lhes garantirem a mais refinada educação e regras de bom comportamento…   

Da parte dos “CDA’s” participantes – parece que significa CARIDOS DOS ADULTOS, dito em linguagem egitaniense – os seus comportamentos (como seria de esperar) primaram pelo rigor e desempenho ético irrepreensível, verdadeiros modelos de ética e desempenho.      

Inevitavelmente o “confronto” “PDC’s” vs “CDA’s” ia acontecer, como se verá nas linhas seguintes.

Segundo as cameras de video colocadas no local (ficou tudo registado em vídeo e permitirá servir de elemento de prova em processos judiciais futuros) das insónias de que padeceram as “PDC’s” viram-se os seus resultados nas manhãs de sábado e domingo. Na zona de estacionamento do centro de operações – o Hotel Lusitânia – percebia-se que o “centro de operações” ter-se-à convertido num verdadeiro “teatro de guerra”. Foi graças às insónias das “PDC’s” que, assim que a caravana acordou, se percebeu que algo acontecera.

Coloridos “post-it’s” a “enriquecer” a decoração das viaturas participantes, ou um longo fio a unir as várias “bombas” que mais tarde serviriam para lutar contra o cronógrafo, tinham sido alvo das atenções dos “jovens irreverentes”. Se as “máquinas” ganhassem vida durante a noite, o fio, mantê-las-ia nas “boxes”… 

Mas a intervenção das “PDC’s”, não se ficou por aqui. Sintoma claro da sua juventude e alheamento com a realidade económica, como se ainda vivessem das “semanadas” dos papás, resolveram colocar em venda alguns dos carros dos concorrentes. Com esta atitude, desde logo reprovável, por poderem amputar a lista de pilotos do Rali BIC Guarda, percebeu-se claramente o quanto estão longe da realidade: “Um Mercedes Classe E 250 CDI BlueEFFICIENCY Cabrio à venda por 3.000 euros??? E um Renault Mégane RS Trophy, por 500 euros???”. Como é barato o mundo das “PDC’s”…

Corredores e portas de quartos do Hotel Lusitânia com “decoração personalizada”, foram outras das “intervenções” desta nova geração de participantes…  

Sem pensar em eventuais associações a que a língua portuguesa pode permitir, a organização levou os homens e mulheres participantes a este rali a descobrirem o “Ponto G”, e daí partirem para o Desafio Escape Livre… Com “associações” ou sem elas, esta “etapa” na prova só atirou mais lenha ao fogo da irreverência, provocando a criatividade dos participantes e obrigando os concorrentes a percorrer alguns pontos emblemáticos da cidade dos cinco “F” (para evitar confusões ou falsas interpretações com tanto “F”, vejamos o que significam – Forte, Farta, Fria, Fiel e Formosa).

Uma fotografia original junto à Agência do Banco BIC rendeu à “PDC”, Nuno Catarino, uma vitória, enquanto o vídeo realizado pelo “CDA”, João Reis, junto ao monumento do Escape Livre, frente ao Hotel Turismo, permitiu empatar a rivalidade “PDC’s” vs “CDA’s”.

O “programa das festas” contou ainda com uma prova de vinhos com colaboração da Comissão Vitivinícola da Beira Interior, um percurso com “road book” pelo concelho, visitas a Aldeia Viçosa e Museu de Tecelagem dos Meios, e sorteios de variadíssimos e valiosos prémios entre eles vários relógios TW Steel, complementaram este Rali, que contou ainda com um filme sobre as memórias das ações anteriores, a causar grande entusiasmo e alegrias.

O Rali Banco BIC Guarda 2015 ficou também marcado por ações distintas das marcas presentes. A Renault brindou a caravana com um completo workshop sobre a preparação do gin tónico, a Ford passou um filme sobre o novo Mustang e ofereceu um fim-de-semana com este modelo icónico, e a Bridgestone optou por demonstrar, num interessante passatempo, a importância do rolamento no pneu. Após votação entre os participantes, a Renault acabou por arrecadar o prémio “Melhor Marca Automóvel do Rali”, instituído pela primeira vez.

Para a história, Francisco Carvalho, o mais vitorioso da história deste evento, venceu ao volante de um Mini, deixando, o segundo e terceiro lugares para dois grandes nomes do desporto automóvel em Portugal – Araújo Pereira, em Peugeot, e Fernando Baptista, em Volkswagen. E pela primeira vez, o Rali da Guarda teve um pódio feminino, onde Ana Gil, em Renault, conseguiu bater Bianca Bessa, em Fiat, e Anabela Correia, em Ford.

A fechar o “programa das festas”, e logo após a entrega de troféus SPAL aos participantes, a notícia bombástica: “Magníficos” e “Selentes”, duas claques rivais que sempre se digladiaram em anteriores edições desta mítica prova, anunciaram a extinção de ambas as formações! Ouviu-se um “buáaaa” na sala, alguns soluços, e houve até quem não deixasse escapar uma lágrima perante tão drástica decisão. Ficou o tabu. De corações apertados e temendo pela qualidade do “melhor rali do mundo”, todos quantos participaram neste Rali BIC, começaram a contar os dias que faltam para a “Segunda Edição”.

Em 2016, como será o RALI BIC GUARDA sem “Selentes” e “Magníficos”?